Ainda na barriga da minha mãe
ouvia as pessoas perguntarem:
- É menino ou menina?
Minha mãe, respondia:
- Ainda não sei.
Eu, menos ainda.
O que é ser menino ou menina?
Até que um dia
ouvi minha mãe responder:
- É um menino!
Meu pai soltava gritos de alegria,
mas eu ainda não sabia.
O que é ser menino,
já que eu não era uma menina?
Finalmente, nasci.
Pela alegria de meu pai,
ser menino deveria ser bom.
Mas e ser uma menina?
Só conseguia perceber que sua cor
era diferente da minha.
Esperei tanto e ainda não sabia.
Por que eu era menino
e ela era menina?
Certo dia paramos de brincar
e nos tiramos a roupa.
De fato, havia outra diferença,
mas eu ainda não entendia.
Se era só por causa daquilo,
por que as outras diferenças
entre menino e menina?
Ao passo que eu crescia
meu corpo ia ficando mais diferente
do corpo de uma menina.
Também surgiram outros interesses
e havia coisas que um podia
e o outro não fazia.
Até que um dia entendi
as razões de corpos diferentes.
Mas não me convencia das razões
que discriminavam o que cada um podia.
Fiquei ainda mais confuso
quando meus pais me disseram:
- Você não é mais um menino,
já é um homem.
Mas o que é ser homem,
já que eu não era mais menino
e a mulher agora era mulher?
Mais tarde, finalmente compreendi.
A questão está em ser masculino e feminino.
Não importa se homem ou mulher,
menina ou menino.
Amarildo Fernandes Rubia
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