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Foto do escritorAmarildo Fernandes Rubia

NÃO APRENDEMOS, AINDA

Atualizado: 19 de jul. de 2020


     

Ainda não aprendemos a morrer.

Ainda acreditamos que morrendo deixaremos de ser quem somos ou de possuir o que temos. Mas morrer é tão somente deixar de ser quem acreditamos ser e deixar de usufruir o que nos iludimos em ter. Quem acreditamos ser é apenas uma imagem que criamos de nós mesmos. O que pensamos ter são apenas bens que usamos para perpetuar o modo de vida que satisfaz as necessidades da imagem que criamos. Aprender a morrer é aprender a desapegar-se de uma imagem e escolher um modo de vida diferente, desfazendo-se daquilo que não é mais útil. A morte não muda quem somos nem retira o que incorporamos em nossa essência, mas permite que possamos criar uma imagem que reflita melhor quem somos e escolher um modo de vida mais coerente com nossa essência.

Ainda não aprendemos a viver.

Ainda temos medo de que a vida destrua a imagem que construímos de nós mesmos e de nos prive do que necessitamos. Ainda não nos convencemos de que o que acreditamos ser é somente uma representação do que somos e de que realmente necessitamos é de novas experiências. Não viver, é não se permitir se reconstruir ao longo da vida, perdendo as oportunidades que ela nos oferece, tanto para se adaptar aos seus diferentes ritmos e ciclos como para evoluirmos como seres humanos. Viver é nos reinventar a cada momento à medida que ampliamos nossa perspectiva sobre a vida, aprendendo mais sobre nós mesmos a cada nova experiência. Vamos, aos poucos, corrigindo as distorções de nossa imagem e descobrindo do que realmente necessitamos .

Ainda não aprendemos a ser feliz.

Ainda nos iludimos em pensar que a felicidade está no que viermos a ser ou no que viermos a ter. Mas se o que viermos a ser não for uma imagem melhor de nós mesmos e o que viermos a ter não condizer com as necessidades da nossa essência, nos frustraremos. E a frustração vai fazer com que julguemos que no passado éramos felizes e não sabíamos. Assim, novamente nos iludimos, tornamo-nos pessimistas, temendo que o futuro nos prive da felicidade. Mas a felicidade que iremos sentir será a mesma felicidade que podemos sentir agora ou poderíamos ter sentido no passado, aceitando aquilo que éramos e o que agora somos, aquilo que tínhamos e o que temos agora. A felicidade encontra-se sempre no presente. Felicidade projetada no futuro é só expectativa e buscada no passado é só nostalgia.

Ainda não aprendemos a ser só.

Ainda pensamos que dependemos de alguém para nos dizer o que fazer ou que é preciso haver alguém para justificamos o que fazemos. O outro apenas nos dá a oportunidade de aprender mais sobre nós mesmos e de como podemos evoluir por meio dos nossos relacionamentos. Ser só não se trata de nos isolarmos, é tão somente ser independente para escolher e decidir por fazer o melhor para nós mesmos e para os outros. É nos manter autênticos em qualquer relação, sem condicionar nossa vida às expectativas dos outros, sem depender de suas aprovações, sem nos sentirmos responsáveis pelas suas escolhas e sem esperar que respondam pelas nossas.

Amarildo Fernandes Rubia

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