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Foto do escritorAmarildo Fernandes Rubia

O VENTO NOS LEVOU A ESPERANÇA



Ninguém viu

o vento chegar ao anoitecer.

Ninguém viu

o lustre balançar,

os ciscos pelo chão

a rolar.



Ninguém ouviu

a porta dos fundos bater.

Ninguém ouviu

a janela do quarto

se abrir,

a telha do telhado cair.


Somente se notou algo

como uma chuva de verão.

Somente quando a luz se apagou,

o relógio também parou.


Acordados,

o mundo varrido.

transformado em abrigo

para mendigos.


Do egoísmo de ter na mão

a fortuna,

tão fraca e suja

como a lama.

A ganância rompeu o piso

e agora suja a roupa

das damas

e apaga o brilho,

dos julgados temidos,

homens do poder.


Da tardia,

não se consegue mais voltar.

E dos homens se fizeram velhos,

destruindo seus sonhados planos,

seus muitos anos.


Na recordação dos tempos,

a consciência de que havia tempo

para impedir que ao anoitecer

chegasse o vento

e nos levasse

a esperança

de viver.


Amarildo Fernandes Rubia

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