PERTENCIMENTO

Sentir-se parte de tudo.

Biologicamente, somos herdeiros consanguíneos de uma árvore genealógica. Desde que nascemos, dela somos parte e como novos brotos a mantemos viva, ao menos por mais uma geração. Plantada no solo do planeta, dele extrai os recursos de sua sobrevivência. Ela nos torna irrevogavelmente vinculados uns aos outros e a sua raiz, por mais que estejamos espalhados pela sua copa. A única árvore que dispomos para construir nossos ninhos e produzir nossos frutos.

Todavia, também somos seres emocionais e espirituais, e o fato de estarmos consanguineamente ligados não faz, necessariamente, com que vivenciemos o sentido de pertencimento; de estarmos compartilhando um lugar no mundo.

Enquanto do corpo da árvore somente podemos ser separados pela morte, podemos passar a vida inteira nos sentindo como brotos que foram arrancados; de galhos e ramos que foram podados. Esse sentimento de não se sentir pertencer, é como se a seiva da vida estivesse impedida de fluir até nós ou se ela, de tão rala de nutrientes, não fosse capaz de nos nutrir.

Se por um lado a árvore extrai do solo os recursos vitais para a sobrevivência do seu corpo, por outro lado extraímos uns dos outros os recursos emocionais e espirituais que assegura nossa comunhão de propósitos. Os quadros de desnutrição, de qualquer natureza, acabam provocando diversas misérias individuais e sociais, pois somos tão carentes do alimento sobre nossas mesas quanto do sentido de pertencimento, de nos sentirmos aceitos e acolhidos por ser quem somos e por aquilo que representamos.

Ao olhar para as estrelas, sentimos que pertencemos a algo ainda maior, que transcende nossas limitações individuais. Nos damos conta que nossa árvore está plantada num pedaço de terra do Universo e exerce um papel no ecossistema cósmico. Essa consciência faz com que passemos a utilizar os recursos do nosso planeta com critérios sustentáveis, a preservar nossas raízes, a tratarmos melhor uns aos outros. Por fim, compreendemos que nossos frutos estão sendo colhidos, nossas sementes estão sendo disseminadas e de nossos ninhos, alçam voos as nossas almas.

Vivência: O Mosaico

A- Preparar as peças:

- Recortar imagens, fotos e palavras, encontradas em revistas e jornais, que sejam representativas de grupos e lugares aos quais você se sente pertencer.

B- Escolher uma imagem:

- Escolha uma imagem que represente a ideia do todo que você pretende expressar com as peças selecionadas.

- Delinear a imagem sobre uma ou mais cartolinas.

C- Montar:

- Sobreponha as peças sobre a imagem escolhida, de modo a compor um arranjo.

D- Compartilhar:

- Pode ser expondo somente a cartolina, confeccionando um quadro (conserva o mosaico por mais tempo) ou tirando uma foto e postando nas mídias sociais.

Sugestão: convide outras pessoas a fazerem o mesmo. Pode ser pessoas da família, amigos ou colegas de trabalho. O grupo pode se reunir e compartilhar suas histórias.

Materiais de apoio:

1- Citações: fontes: www.citador.pt/ e www.pensador.uol.com.br

- Trabalhar significa estar inserido socialmente, garantindo ao cidadão a sensação de pertencer a um grupo e de ter um lugar na sociedade. (Rose Mary Serra)

- Um pingo, cada pingo ajuda a formar um oceano. Não se sinta mal por pertencer ao Todo. Você sempre fará, se quiser, parte de algo maior, que vai além de si mesmo. (Swami Paatra Shankara)

- Se as raízes estão bem, todo o resto estará bem. (Peter Sellers)

- Que oscilação de humor e de vontade. Que sensação estranha de não pertencer a um determinado lugar. (Marisa Martins)

- O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. (Mario Quintana)

- Cuidar da natureza é cuidar de nós mesmos... Alegrar o canto dos pássaros é fazer sorrir a alma e dar o verdadeiro sentido para vida... (Kátia Maria)

- Não podemos transferir nossa responsabilidade existencial, temos o dever de cuidarmos uns dos outros e do todo ao nosso redor. (ZOCCARATO 2014)

- A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza. (Nagib Anderáos Neto)

2- Músicas:

- Cio da Terra (Milton Nascimento/Chico Buarque)

- Terra (Caetano Veloso)

- Aquarela Brasileira (Martinho da Vila)

3- Filmes:

- A educação de pequena árvore

- Encontros e desencontros

4- Conto:

1- O Segredo da Felicidade:

Um homem, amargurado por não encontrar a felicidade, fechou a pobre casa e foi mundo afora, à procura deste estado íntimo do espírito. Percorreu todos os caminhos, todas as nações, todos os povos, sem descansar, até encontrar o lugar que aguardava encontrar para ser feliz.

Onde chegava, reunia ele um pequeno grupo ao qual explicava os planos que tinha para ser feliz...Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas, onde haveria montes de ouro...mas o povo lamentava e ninguém o seguia... no dia seguinte, recomeçava a caminhada. Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país em país, anos a fio... Um dia percebeu que estava ficando velho com seus cabelos brancos, suas mãos enrijecidas e cansado, de tanto procurar essa tal felicidade... Foi quando parou em frente a uma casa antiga, janelas de vidro quebradas, o mato cobrindo o canteiro do jardim, poeira invadindo todos os cantos dela, e ninhos de passarinhos construídos pelos pardais. Pensou e tomou uma decisão:

-Vou tratar de ser feliz aqui. Arrumaria o telhado, colocaria novas janelas e vidros novos, cuidaria do jardim, pintaria as paredes...e cantaria a canção da felicidade. Foi quando parou e ficou imóvel, qual estátua de pedra: Aquela casa era a própria residência que ele abandonara há tantos anos, a procura da felicidade...

5- Poesia:

PERTENCIMENTO

Neste mundo entrei

Pelas mãos de uma parteira.

Cidade do interior.

Casa de madeira.

Era mês de outono,

De um dia comum de feira.

Cheguei nu,

De mãos vazias.

Sem nenhuma posse,

Mas de muita valia.

Um recém-chegado,

o caçula da família.

Parte de mim

Por lá ficou.

Nas ruas, nas praças,

Em tudo que me marcou.

Pedaços de lá eu levo

Para cada lugar que vou.

O lar que me abriga,

O local onde trabalho...

Cada lugar compondo

Um diferente cenário.

Todos fazendo parte

Do meu santuário.

Um vasto Universo.

Um planeta azul e branco.

Tantas terras e oceanos,

Com vidas por todo canto.

Belezas tão singulares,

Mas um só encanto.

Desde a casa de madeira

E a cidade onde nasci,

A família que me acolheu

E os lugares que já vivi,

Sinto que há algo maior

A que sempre pertenci.

Amarildo Fernandes Rubia

6- Questões para encontrar suas respostas:

01- Comente a frase de Mário Quintana: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”

­­­­­02- Relate uma experiência em que você se sentiu pertencer a algo transcendente.

03- Como você se sente ao querer fazer parte de um grupo que te rejeita?

04- Para você, quais são as maiores barreiras para desenvolver o sentido de pertencimento?

05- O que você já fez ou deixou de fazer para ser aceito em um grupo?

06- Como você recebe um novo membro no seu grupo de trabalho e no seu grupo familiar?

07- Cite alguns dos seus principais vínculos de pertencimento.

Obs. Use o Blog para compartilhar suas considerações sobre sua vivência.