Neste olvidado quarto
volto a pôr meus passos.
A porta emperrada rangendo.
As cortinas podres pelo tempo.
Na parede aquele quadro,
atraindo de retorno o passado.
Do forro aberto, caindo telhas.
No chão, poças pelas goteiras.
No alto, penso o quadro,
nos semblantes quase falados.
Nas mobílias, densas poeiras.
Pelos cantos, bem feitas teias.
A luz clara realçando o quadro
na penumbra deste quarto.
A camiseira com as gavetas soltas.
No espelho, rachaduras poucas.
Meu rosto recordando o quadro,
já perdendo a cor e os traços.
Na cama, roupas em farrapos.
Minha alma falida em trapos.
Fugaz, me ponho para fora,
lagrimando deprimida hora.
Por fim, tomba-se o quadro.
Meu pranto, se volve calado.
Redimido tomo do piso o quadro,
repondo-o no posto do passado.
Amarildo Fernandes Rubia
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